Descrição A cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais, é o cenário do novo romance do escritor e professor Gustavo Bernardo, ficcionista e ensaísta premiado. Do seu último ensaio, chamado A ficção de Deus e considerado pela Biblioteca Nacional o melhor ensaio literário de 2015, nasceu a ideia para Nanook – Ele está chegando. É entre as ladeiras, igrejas e os sobrados de Ouro Preto, que se passa a trama de Nanook, embora a história, curiosamente, remeta a um mundo bem distante da cidade colonial mineira, e mesmo do Brasil. Neste romance pungente, o autor mergulha nas tradições da população inuit, os primeiros habitantes das regiões árticas do Canadá, para contar a história de um garoto – e de toda uma família – que vai mudar para sempre a vida dos habitantes da bela e pacata Ouro Preto. Com quarta capa assinada pela acadêmica Ana Maria Machado, o livro convida o leitor a refletir sobre questões tão vastas e urgentes como sanidade e loucura, ceticismo e transcendência e as consequências e limites do poder do homem sobre a natureza, por meio de uma bela alegoria. Bernardo, o caçula de três irmãos, só começou a falar aos quatro anos, ainda assim numa língua irreconhecível. Aos 15, o garoto, considerado problemático pela mãe, é levado a uma clínica psiquiátrica e, durante a entrevista, tem uma espécie de surto e faz uma declaração enigmática: “Por favor, eu só queria avisar: Nanook está vindo para cá.” Intrigado com a situação de seu mais novo paciente, levado então para o chamado “quarto da fúria”, o doutor Homem Siqueira, homem solitário, cético e até um pouco ranzinza, não poderia imaginar que os móveis, as janelas e a velha televisão destruídos pelo rapaz seriam o menor dos desafios que aquele caso lhe traria. Profissional experiente e dedicado, Siqueira não mede esforços para decifrar o estranho comportamento de Bernardo. Mas a cada novo dado colhido sobre a história do garoto, a cada hipótese levantada para explicar esta ou aquela atitude, o médico se vê diante de enigmas que parecem não ter solução somente pela via científica. Recorrendo a um amigo de longa data, o linguista Ramon Torreira, homem viajado e com inclinações poéticas, o doutor Siqueira é obrigado a sair de seu mundo previsível e cartesiano para tentar entender as palavras aparentemente incompreensíveis de seu novo paciente. Estas palavras são acompanhadas por fatos estranhos, como o sumiço dos ursos-polares da superfície do planeta, a queda brusca das temperaturas em todo o mundo e o aparecimento de estranhos cães brancos pela cidade de Ouro Preto. Em meio ao frio congelante, e com a ajuda de Ramon e de Úrsula, sua competente enfermeira, Siqueira embarca numa viagem sem volta, ou melhor, da qual voltará completamente modificado, para tratar o jovem Bernardo. Autista? Louco? Visionário? “E se o autismo não for uma doença, mas sim a manifestação inicial de uma evolução? Ou de uma regressão? Os autistas podem ser viajantes de um passado muito distante. Ou mensagens de um futuro perigosamente próximo”, reflete Siqueira em uma de suas muitas elucubrações a respeito do caso. Com uma narrativa ao mesmo tempo sofisticada e ágil, poética e bem-humorada, Nanook encerra a Trilogia da Utopia, formada ainda por O mágico de verdade e Monte Verità, ambos publicados pelo selo Rocco Jovens Leitores. Leia um trecho +
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