Descrição A observação de crianças produz maletendidos, como alertou Freud, pois condena as manifestações da criança a serem tomadas a partir do ideal da transição comum à codificação da clínica psiquiátrica ou do ideal da tradição, deriva do sentido, típica da compreensão psicológica. Nos dois casos, longe de assumir a dignidade de enigma, suprime-se o que a confiança confina de real. Enfim, na observação descritiva ou tradutiva, a criança é dado natural, é transparência.
O que se passa com uma criança? O que uma criança passa, quando uma mensagem adere à mensageira, quando sua mensagem demanda deciframento, ou quando suas manifestações sequer estão endereçadas?
Os analistas atendem inibições patentes, encarnando uma posição disléxica e afásica em relação à análise de crianças. Entretanto, oferecer testemunho do seu encontro com o que há de real, numa criança, permite não apenas a inscrição da criança no laço discursivo, mas também o desnudamento das modalidades pelas quais o discurso trata a subjetivação.
(m3/07out2015).
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