Livro Getulio 1882-1930 dos Anos de Formação a Conquista do Poder
Lira Neto
Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a “esfinge Getúlio” e mo ... Ler mais Fechar
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Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisAmparado por uma minuciosa pesquisa em acervos nacionais e estrangeiros, que incluiu documentos públicos e pessoais, diários, jornais, correspondências, gravações e filmes do período, Lira Neto mostra como e por quê, para bem ou para mal, Getúlio Vargas foi a maior figura política do Brasil no século XX, na expressão do historiador Boris Fausto. Logo depois da conquista do poder federal, em outubro de 1930, Getúlio se viu diante do complexo desafio de promover sua ambiciosa agenda de reformas ao mesmo tempo em que precisava neutralizar, como um jogador de xadrez paciente, os movimentos da oposição interna e externa ao regime. Diversas facções políticas insatisfeitas, especialmente os reacionários de São Paulo, insistiam em questionar a autoridade do todo-poderoso líder gaúcho. Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de pai dos pobres. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial. Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisAmparado por uma minuciosa pesquisa em acervos nacionais e estrangeiros, que incluiu documentos públicos e pessoais, diários, jornais, correspondências, gravações e filmes do período, Lira Neto mostra como e por quê, para bem ou para mal, Getúlio Vargas foi a maior figura política do Brasil no século XX, na expressão do historiador Boris Fausto. Logo depois da conquista do poder federal, em outubro de 1930, Getúlio se viu diante do complexo desafio de promover sua ambiciosa agenda de reformas ao mesmo tempo em que precisava neutralizar, como um jogador de xadrez paciente, os movimentos da oposição interna e externa ao regime. Diversas facções políticas insatisfeitas, especialmente os reacionários de São Paulo, insistiam em questionar a autoridade do todo-poderoso líder gaúcho. Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de pai dos pobres. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial. Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisAmparado por uma minuciosa pesquisa em acervos nacionais e estrangeiros, que incluiu documentos públicos e pessoais, diários, jornais, correspondências, gravações e filmes do período, Lira Neto mostra como e por quê, para bem ou para mal, Getúlio Vargas foi a maior figura política do Brasil no século XX, na expressão do historiador Boris Fausto. Logo depois da conquista do poder federal, em outubro de 1930, Getúlio se viu diante do complexo desafio de promover sua ambiciosa agenda de reformas ao mesmo tempo em que precisava neutralizar, como um jogador de xadrez paciente, os movimentos da oposição interna e externa ao regime. Diversas facções políticas insatisfeitas, especialmente os reacionários de São Paulo, insistiam em questionar a autoridade do todo-poderoso líder gaúcho. Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de pai dos pobres. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial. Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisAmparado por uma minuciosa pesquisa em acervos nacionais e estrangeiros, que incluiu documentos públicos e pessoais, diários, jornais, correspondências, gravações e filmes do período, Lira Neto mostra como e por quê, para bem ou para mal, Getúlio Vargas foi a maior figura política do Brasil no século XX, na expressão do historiador Boris Fausto. Logo depois da conquista do poder federal, em outubro de 1930, Getúlio se viu diante do complexo desafio de promover sua ambiciosa agenda de reformas ao mesmo tempo em que precisava neutralizar, como um jogador de xadrez paciente, os movimentos da oposição interna e externa ao regime. Diversas facções políticas insatisfeitas, especialmente os reacionários de São Paulo, insistiam em questionar a autoridade do todo-poderoso líder gaúcho. Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de pai dos pobres. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial. Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisAmparado por uma minuciosa pesquisa em acervos nacionais e estrangeiros, que incluiu documentos públicos e pessoais, diários, jornais, correspondências, gravações e filmes do período, Lira Neto mostra como e por quê, para bem ou para mal, Getúlio Vargas foi a maior figura política do Brasil no século XX, na expressão do historiador Boris Fausto. Logo depois da conquista do poder federal, em outubro de 1930, Getúlio se viu diante do complexo desafio de promover sua ambiciosa agenda de reformas ao mesmo tempo em que precisava neutralizar, como um jogador de xadrez paciente, os movimentos da oposição interna e externa ao regime. Diversas facções políticas insatisfeitas, especialmente os reacionários de São Paulo, insistiam em questionar a autoridade do todo-poderoso líder gaúcho. Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de pai dos pobres. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial. Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão
Saiba maisAmparado por uma minuciosa pesquisa em acervos nacionais e estrangeiros, que incluiu documentos públicos e pessoais, diários, jornais, correspondências, gravações e filmes do período, Lira Neto mostra como e por quê, para bem ou para mal, Getúlio Vargas foi a maior figura política do Brasil no século XX, na expressão do historiador Boris Fausto. Logo depois da conquista do poder federal, em outubro de 1930, Getúlio se viu diante do complexo desafio de promover sua ambiciosa agenda de reformas ao mesmo tempo em que precisava neutralizar, como um jogador de xadrez paciente, os movimentos da oposição interna e externa ao regime. Diversas facções políticas insatisfeitas, especialmente os reacionários de São Paulo, insistiam em questionar a autoridade do todo-poderoso líder gaúcho. Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de pai dos pobres. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial. Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão
Saiba maisEntrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48,
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisAmparado por uma minuciosa pesquisa em acervos nacionais e estrangeiros, que incluiu documentos públicos e pessoais, diários, jornais, correspondências, gravações e filmes do período, Lira Neto mostra como e por quê, para bem ou para mal, Getúlio Vargas foi a maior figura política do Brasil no século XX, na expressão do historiador Boris Fausto. Logo depois da conquista do poder federal, em outubro de 1930, Getúlio se viu diante do complexo desafio de promover sua ambiciosa agenda de reformas ao mesmo tempo em que precisava neutralizar, como um jogador de xadrez paciente, os movimentos da oposição interna e externa ao regime. Diversas facções políticas insatisfeitas, especialmente os reacionários de São Paulo, insistiam em questionar a autoridade do todo-poderoso líder gaúcho. Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de pai dos pobres. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial. Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
Saiba maisGetúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos - muitos deles inéditos ou pouco explorados - para ajudar a decifrar a esfinge Getúlio e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc. O resultado desse árduo trabalho, acompanhado de um mergulho na bibliografia histórica sobre o período, é um relato envolvente, por vezes eletrizante, ao qual o talento narrativo do autor confere a vivacidade e o ritmo de um bom romance. A herança política caudilhista, sob a égide dos caudilhos gaúchos Julio de Castilhos e Borges de Medeiros; a formação positivista, com uma forte tendência anti-cristã depois abafada por conveniências políticas; as escaramuças da sangrenta política regional gaúcha; o aprendizado da política (e da politicagem) em âmbito nacional na capital da República; as relações ambivalentes com as velhas oligarquias e com a inquietação tenentista; o esboço das ideias trabalhistas e da tutela do estado sobre as relações entre o capital e o trabalho; o desenvolvimento de uma personalidade política ardilosa; a oscilante candidatura de oposição à presidência em 1930 e por fim a Revolução vitoriosa que liqui
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