Ana Flor da Agua da Terra
Editora:iluminuras
Tipo:usado
Ano:2016
R$ 6,00
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Editora:iluminuras
Tipo:usado
Ano:2016
R$ 6,00
Livro usado com pontos de oxidação mas nada que comprometa a leitura, capa com leves sinais de uso, ultima página rasgada, sem grifos nem rasuras, com 59 páginas. (Maria Eduarda) 31/03/2022 estante Nº (428)
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A ilustração da capa varia de acordo com o ano da edição e o estado de conservação do livro. Observe cuidadosamente a descrição da obra nos resultados abaixo. Em caso de dúvidas, entre em contato com o vendedor.
R$ 6,00 usado
Livro usado com pontos de oxidação mas nada que comprometa a leitura, capa com leves sinais de uso, ultima página rasgada, sem grifos nem rasuras, com 59 páginas. (Maria Eduarda) 31/03/2022 estante Nº (428)
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R$ 13,78 usado
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R$ 18,00 usado
SKU: 28661306. Brochura, 60 páginas em ótimo estado de conservação. Sem grifos ou rasuras. Possui carimbo. Ana Flor da Água da Terra, primeiro livro da poeta Heloiza Abdalla, conta em 37 poemas a narrativa de uma mulher em sua travessia com o tempo. Uma mulher busca silêncio, e em princípio teme, é perseguida por ele. Ana Flor vive partida, dor que traz o si. Numa dança muda, a crescente despedida. Na teia de saberes, saber nenhum, o percurso (osso), o mar. - 201649998
Saiba maisLivro fino em bom estado de conservação, capa e contracapa preservadas, interior do livro preservado para leitura, imagem da capa meramente ilustrativa, cadastrado em 31/01/2023
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R$ 48,82 novo
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A poesia e o pacto do que se diz com o que nao se diz. Ana Flor da Agua da Terra, de Heloiza Abdalla, conhece bem essa alianca com o silencio, que pratica. O titulo do livro pode soar vagamente como o de uma obra adolescente de efusao pela natureza. Mas, se comecou a ser escrito aos dezoito anos da autora, sua escrita, que se desdobra ate os 25, e uma concentrada elaboracao da intimidade com os vazios, os tecidos e os desvaos que habitam as palavras, quando nomeiam as coisas, sempre volateis. Entre palavras e coisas, palpaveis ou impalpaveis, resta um halo sem nome, que normalmente se perde na conversa geral, seja na conversa dura que empedra os sentidos, na conversa mole que os dilui, na conversa jogada fora no ralo da consumicao cotidiana. A poesia, diferentemente disso, e uma conversa fiada que afianca, que confia no fio invisivel que liga as palavras, como a flor/ confia// fia// nao acelera/ nao atrasa// o tempo/ habita . O poema que acabo de citar se chama Principio , e e o ultimo do livro. O principio , que esta no fim, e tambem o fundamento, o principio ativo da flor, da poesia em seu habitat exato no tempo. No corpo do livro, os sinais silenciosos dizem, como o jogo eliptico entre o titulo e os versos, as entrelinhas e os espacamentos, a inversao sintatica que deixa frouxa a definicao de sujeito e objeto ( o tempo/ habita ), assim como em outros poemas a polifonia sutil das diccoes, travessoes, aspas, vazios. Ja no primeiro poema do livro ( Uma flor tem marca/ borboleta manchada// Um ser amor-amor voa crucificado/ o vento contorna uma arvore// agua// sonha em ser livre como ela ), as propriedades da flor se transmutam em borboleta e em voejante ser amor-amor . Flor, borboleta e o ser em voo do amor carregam, por mais leves que sejam, a marca, a mancha e a cruz: cifras do inelutavel, da dor secreta do existir. Nao obstante, destituidas de peso, logo se transmutam em vento, sumindo em fuga na curva da arvore e deixando para tras um lago de agua ideal em si. O sujeito da ultima frase, que sonha em ser livre como ela , e, ao que tudo indica, o titulo do poema: Ana Flor da Agua da Terra . Como no encaixe de pecas de um jogo quieto , dor e ferida estao prestes a irromper e a retornar a seu lugar emudecido ( Quiron , Montanha , Passagem ), agua e areia prestes a se acomodarem, mestras do repouso e do movimento, pastoras do caos ( Areia , Crisalida ), o amor se tece em teares do cheio e do vazio ( Croche da danca , Linhaluz , Amor ), quando nao prorrompe em seus dramas ( Eu e Carlos ), refratados na superficie dura do espelho sem casca ( Chegaram espelhos ). No arco da flecha armada em tensao sutil ( Arco ), aponta-se, ou apronta-se, um parto em que parir e partir. O livro e feito de discretos motivos reverberantes, a maneira de um rarefeito romance intimo do qual os fatos estao subtraidos, para que fique a nervura fina dos acontecimentos, os fatosinstantes que apenas instam, urgem, insistem, perguntam. Melhor e parar por aqui, e nao recobrir de mais palavras essa poesia fiel aos silencios da poesia, que se desnuda - serpente de pedra - de palavras a descobrir. (Jose Miguel Wisnik)
Saiba maisA poesia e o pacto do que se diz com o que nao se diz. Ana Flor da Agua da Terra, de Heloiza Abdalla, conhece bem essa alianca com o silencio, que pratica. O titulo do livro pode soar vagamente como o de uma obra adolescente de efusao pela natureza. Mas, se comecou a ser escrito aos dezoito anos da autora, sua escrita, que se desdobra ate os 25, e uma concentrada elaboracao da intimidade com os vazios, os tecidos e os desvaos que habitam as palavras, quando nomeiam as coisas, sempre volateis. Entre palavras e coisas, palpaveis ou impalpaveis, resta um halo sem nome, que normalmente se perde na conversa geral, seja na conversa dura que empedra os sentidos, na conversa mole que os dilui, na conversa jogada fora no ralo da consumicao cotidiana. A poesia, diferentemente disso, e uma conversa fiada que afianca, que confia no fio invisivel que liga as palavras, como a flor/ confia// fia// nao acelera/ nao atrasa// o tempo/ habita . O poema que acabo de citar se chama Principio , e e o ultimo do livro. O principio , que esta no fim, e tambem o fundamento, o principio ativo da flor, da poesia em seu habitat exato no tempo. No corpo do livro, os sinais silenciosos dizem, como o jogo eliptico entre o titulo e os versos, as entrelinhas e os espacamentos, a inversao sintatica que deixa frouxa a definicao de sujeito e objeto ( o tempo/ habita ), assim como em outros poemas a polifonia sutil das diccoes, travessoes, aspas, vazios. Ja no primeiro poema do livro ( Uma flor tem marca/ borboleta manchada// Um ser amor-amor voa crucificado/ o vento contorna uma arvore// agua// sonha em ser livre como ela ), as propriedades da flor se transmutam em borboleta e em voejante ser amor-amor . Flor, borboleta e o ser em voo do amor carregam, por mais leves que sejam, a marca, a mancha e a cruz: cifras do inelutavel, da dor secreta do existir. Nao obstante, destituidas de peso, logo se transmutam em vento, sumindo em fuga na curva da arvore e deixando para tras um lago de agua ideal em si. O sujeito da ultima frase, que sonha em ser livre como ela , e, ao que tudo indica, o titulo do poema: Ana Flor da Agua da Terra . Como no encaixe de pecas de um jogo quieto , dor e ferida estao prestes a irromper e a retornar a seu lugar emudecido ( Quiron , Montanha , Passagem ), agua e areia prestes a se acomodarem, mestras do repouso e do movimento, pastoras do caos ( Areia , Crisalida ), o amor se tece em teares do cheio e do vazio ( Croche da danca , Linhaluz , Amor ), quando nao prorrompe em seus dramas ( Eu e Carlos ), refratados na superficie dura do espelho sem casca ( Chegaram espelhos ). No arco da flecha armada em tensao sutil ( Arco ), aponta-se, ou apronta-se, um parto em que parir e partir. O livro e feito de discretos motivos reverberantes, a maneira de um rarefeito romance intimo do qual os fatos estao subtraidos, para que fique a nervura fina dos acontecimentos, os fatosinstantes que apenas instam, urgem, insistem, perguntam. Melhor e parar por aqui, e nao recobrir de mais palavras essa poesia fiel aos silencios da poesia, que se desnuda - serpente de pedra - de palavras a descobrir. (Jose Miguel Wisnik)
Saiba maisA poesia e o pacto do que se diz com o que nao se diz. Ana Flor da Agua da Terra, de Heloiza Abdalla, conhece bem essa alianca com o silencio, que pratica. O titulo do livro pode soar vagamente como o de uma obra adolescente de efusao pela natureza. Mas, se comecou a ser escrito aos dezoito anos da autora, sua escrita, que se desdobra ate os 25, e uma concentrada elaboracao da intimidade com os vazios, os tecidos e os desvaos que habitam as palavras, quando nomeiam as coisas, sempre volateis. Entre palavras e coisas, palpaveis ou impalpaveis, resta um halo sem nome, que normalmente se perde na conversa geral, seja na conversa dura que empedra os sentidos, na conversa mole que os dilui, na conversa jogada fora no ralo da consumicao cotidiana. A poesia, diferentemente disso, e uma conversa fiada que afianca, que confia no fio invisivel que liga as palavras, como a flor/ confia// fia// nao acelera/ nao atrasa// o tempo/ habita . O poema que acabo de citar se chama Principio , e e o ultimo do livro. O principio , que esta no fim, e tambem o fundamento, o principio ativo da flor, da poesia em seu habitat exato no tempo. No corpo do livro, os sinais silenciosos dizem, como o jogo eliptico entre o titulo e os versos, as entrelinhas e os espacamentos, a inversao sintatica que deixa frouxa a definicao de sujeito e objeto ( o tempo/ habita ), assim como em outros poemas a polifonia sutil das diccoes, travessoes, aspas, vazios. Ja no primeiro poema do livro ( Uma flor tem marca/ borboleta manchada// Um ser amor-amor voa crucificado/ o vento contorna uma arvore// agua// sonha em ser livre como ela ), as propriedades da flor se transmutam em borboleta e em voejante ser amor-amor . Flor, borboleta e o ser em voo do amor carregam, por mais leves que sejam, a marca, a mancha e a cruz: cifras do inelutavel, da dor secreta do existir. Nao obstante, destituidas de peso, logo se transmutam em vento, sumindo em fuga na curva da arvore e deixando para tras um lago de agua ideal em si. O sujeito da ultima frase, que sonha em ser livre como ela , e, ao que tudo indica, o titulo do poema: Ana Flor da Agua da Terra . Como no encaixe de pecas de um jogo quieto , dor e ferida estao prestes a irromper e a retornar a seu lugar emudecido ( Quiron , Montanha , Passagem ), agua e areia prestes a se acomodarem, mestras do repouso e do movimento, pastoras do caos ( Areia , Crisalida ), o amor se tece em teares do cheio e do vazio ( Croche da danca , Linhaluz , Amor ), quando nao prorrompe em seus dramas ( Eu e Carlos ), refratados na superficie dura do espelho sem casca ( Chegaram espelhos ). No arco da flecha armada em tensao sutil ( Arco ), aponta-se, ou apronta-se, um parto em que parir e partir. O livro e feito de discretos motivos reverberantes, a maneira de um rarefeito romance intimo do qual os fatos estao subtraidos, para que fique a nervura fina dos acontecimentos, os fatosinstantes que apenas instam, urgem, insistem, perguntam. Melhor e parar por aqui, e nao recobrir de mais palavras essa poesia fiel aos silencios da poesia, que se desnuda - serpente de pedra - de palavras a descobrir. (Jose Miguel Wisnik)
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Saiba maisA poesia e o pacto do que se diz com o que nao se diz. Ana Flor da Agua da Terra, de Heloiza Abdalla, conhece bem essa alianca com o silencio, que pratica. O titulo do livro pode soar vagamente como o de uma obra adolescente de efusao pela natureza. Mas, se comecou a ser escrito aos dezoito anos da autora, sua escrita, que se desdobra ate os 25, e uma concentrada elaboracao da intimidade com os vazios, os tecidos e os desvaos que habitam as palavras, quando nomeiam as coisas, sempre volateis. Entre palavras e coisas, palpaveis ou impalpaveis, resta um halo sem nome, que normalmente se perde na conversa geral, seja na conversa dura que empedra os sentidos, na conversa mole que os dilui, na conversa jogada fora no ralo da consumicao cotidiana. A poesia, diferentemente disso, e uma conversa fiada que afianca, que confia no fio invisivel que liga as palavras, como a flor/ confia// fia// nao acelera/ nao atrasa// o tempo/ habita . O poema que acabo de citar se chama Principio , e e o ultimo do livro. O principio , que esta no fim, e tambem o fundamento, o principio ativo da flor, da poesia em seu habitat exato no tempo. No corpo do livro, os sinais silenciosos dizem, como o jogo eliptico entre o titulo e os versos, as entrelinhas e os espacamentos, a inversao sintatica que deixa frouxa a definicao de sujeito e objeto ( o tempo/ habita ), assim como em outros poemas a polifonia sutil das diccoes, travessoes, aspas, vazios. Ja no primeiro poema do livro ( Uma flor tem marca/ borboleta manchada// Um ser amor-amor voa crucificado/ o vento contorna uma arvore// agua// sonha em ser livre como ela ), as propriedades da flor se transmutam em borboleta e em voejante ser amor-amor . Flor, borboleta e o ser em voo do amor carregam, por mais leves que sejam, a marca, a mancha e a cruz: cifras do inelutavel, da dor secreta do existir. Nao obstante, destituidas de peso, logo se transmutam em vento, sumindo em fuga na curva da arvore e deixando para tras um lago de agua ideal em si. O sujeito da ultima frase, que sonha em ser livre como ela , e, ao que tudo indica, o titulo do poema: Ana Flor da Agua da Terra . Como no encaixe de pecas de um jogo quieto , dor e ferida estao prestes a irromper e a retornar a seu lugar emudecido ( Quiron , Montanha , Passagem ), agua e areia prestes a se acomodarem, mestras do repouso e do movimento, pastoras do caos ( Areia , Crisalida ), o amor se tece em teares do cheio e do vazio ( Croche da danca , Linhaluz , Amor ), quando nao prorrompe em seus dramas ( Eu e Carlos ), refratados na superficie dura do espelho sem casca ( Chegaram espelhos ). No arco da flecha armada em tensao sutil ( Arco ), aponta-se, ou apronta-se, um parto em que parir e partir. O livro e feito de discretos motivos reverberantes, a maneira de um rarefeito romance intimo do qual os fatos estao subtraidos, para que fique a nervura fina dos acontecimentos, os fatosinstantes que apenas instam, urgem, insistem, perguntam. Melhor e parar por aqui, e nao recobrir de mais palavras essa poesia fiel aos silencios da poesia, que se desnuda - serpente de pedra - de palavras a descobrir. (Jose Miguel Wisnik)
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Saiba maisA poesia e o pacto do que se diz com o que nao se diz. Ana Flor da Agua da Terra, de Heloiza Abdalla, conhece bem essa alianca com o silencio, que pratica. O titulo do livro pode soar vagamente como o de uma obra adolescente de efusao pela natureza. Mas, se comecou a ser escrito aos dezoito anos da autora, sua escrita, que se desdobra ate os 25, e uma concentrada elaboracao da intimidade com os vazios, os tecidos e os desvaos que habitam as palavras, quando nomeiam as coisas, sempre volateis. Entre palavras e coisas, palpaveis ou impalpaveis, resta um halo sem nome, que normalmente se perde na conversa geral, seja na conversa dura que empedra os sentidos, na conversa mole que os dilui, na conversa jogada fora no ralo da consumicao cotidiana. A poesia, diferentemente disso, e uma conversa fiada que afianca, que confia no fio invisivel que liga as palavras, como a flor/ confia// fia// nao acelera/ nao atrasa// o tempo/ habita . O poema que acabo de citar se chama Principio , e e o ultimo do livro. O principio , que esta no fim, e tambem o fundamento, o principio ativo da flor, da poesia em seu habitat exato no tempo. No corpo do livro, os sinais silenciosos dizem, como o jogo eliptico entre o titulo e os versos, as entrelinhas e os espacamentos, a inversao sintatica que deixa frouxa a definicao de sujeito e objeto ( o tempo/ habita ), assim como em outros poemas a polifonia sutil das diccoes, travessoes, aspas, vazios. Ja no primeiro poema do livro ( Uma flor tem marca/ borboleta manchada// Um ser amor-amor voa crucificado/ o vento contorna uma arvore// agua// sonha em ser livre como ela ), as propriedades da flor se transmutam em borboleta e em voejante ser amor-amor . Flor, borboleta e o ser em voo do amor carregam, por mais leves que sejam, a marca, a mancha e a cruz: cifras do inelutavel, da dor secreta do existir. Nao obstante, destituidas de peso, logo se transmutam em vento, sumindo em fuga na curva da arvore e deixando para tras um lago de agua ideal em si. O sujeito da ultima frase, que sonha em ser livre como ela , e, ao que tudo indica, o titulo do poema: Ana Flor da Agua da Terra . Como no encaixe de pecas de um jogo quieto , dor e ferida estao prestes a irromper e a retornar a seu lugar emudecido ( Quiron , Montanha , Passagem ), agua e areia prestes a se acomodarem, mestras do repouso e do movimento, pastoras do caos ( Areia , Crisalida ), o amor se tece em teares do cheio e do vazio ( Croche da danca , Linhaluz , Amor ), quando nao prorrompe em seus dramas ( Eu e Carlos ), refratados na superficie dura do espelho sem casca ( Chegaram espelhos ). No arco da flecha armada em tensao sutil ( Arco ), aponta-se, ou apronta-se, um parto em que parir e partir. O livro e feito de discretos motivos reverberantes, a maneira de um rarefeito romance intimo do qual os fatos estao subtraidos, para que fique a nervura fina dos acontecimentos, os fatosinstantes que apenas instam, urgem, insistem, perguntam. Melhor e parar por aqui, e nao recobrir de mais palavras essa poesia fiel aos silencios da poesia, que se desnuda - serpente de pedra - de palavras a descobrir. (Jose Miguel Wisnik)
Saiba maisA poesia e o pacto do que se diz com o que nao se diz. Ana Flor da Agua da Terra, de Heloiza Abdalla, conhece bem essa alianca com o silencio, que pratica. O titulo do livro pode soar vagamente como o de uma obra adolescente de efusao pela natureza. Mas, se comecou a ser escrito aos dezoito anos da autora, sua escrita, que se desdobra ate os 25, e uma concentrada elaboracao da intimidade com os vazios, os tecidos e os desvaos que habitam as palavras, quando nomeiam as coisas, sempre volateis. Entre palavras e coisas, palpaveis ou impalpaveis, resta um halo sem nome, que normalmente se perde na conversa geral, seja na conversa dura que empedra os sentidos, na conversa mole que os dilui, na conversa jogada fora no ralo da consumicao cotidiana. A poesia, diferentemente disso, e uma conversa fiada que afianca, que confia no fio invisivel que liga as palavras, como a flor/ confia// fia// nao acelera/ nao atrasa// o tempo/ habita . O poema que acabo de citar se chama Principio , e e o ultimo do livro. O principio , que esta no fim, e tambem o fundamento, o principio ativo da flor, da poesia em seu habitat exato no tempo. No corpo do livro, os sinais silenciosos dizem, como o jogo eliptico entre o titulo e os versos, as entrelinhas e os espacamentos, a inversao sintatica que deixa frouxa a definicao de sujeito e objeto ( o tempo/ habita ), assim como em outros poemas a polifonia sutil das diccoes, travessoes, aspas, vazios. Ja no primeiro poema do livro ( Uma flor tem marca/ borboleta manchada// Um ser amor-amor voa crucificado/ o vento contorna uma arvore// agua// sonha em ser livre como ela ), as propriedades da flor se transmutam em borboleta e em voejante ser amor-amor . Flor, borboleta e o ser em voo do amor carregam, por mais leves que sejam, a marca, a mancha e a cruz: cifras do inelutavel, da dor secreta do existir. Nao obstante, destituidas de peso, logo se transmutam em vento, sumindo em fuga na curva da arvore e deixando para tras um lago de agua ideal em si. O sujeito da ultima frase, que sonha em ser livre como ela , e, ao que tudo indica, o titulo do poema: Ana Flor da Agua da Terra . Como no encaixe de pecas de um jogo quieto , dor e ferida estao prestes a irromper e a retornar a seu lugar emudecido ( Quiron , Montanha , Passagem ), agua e areia prestes a se acomodarem, mestras do repouso e do movimento, pastoras do caos ( Areia , Crisalida ), o amor se tece em teares do cheio e do vazio ( Croche da danca , Linhaluz , Amor ), quando nao prorrompe em seus dramas ( Eu e Carlos ), refratados na superficie dura do espelho sem casca ( Chegaram espelhos ). No arco da flecha armada em tensao sutil ( Arco ), aponta-se, ou apronta-se, um parto em que parir e partir. O livro e feito de discretos motivos reverberantes, a maneira de um rarefeito romance intimo do qual os fatos estao subtraidos, para que fique a nervura fina dos acontecimentos, os fatosinstantes que apenas instam, urgem, insistem, perguntam. Melhor e parar por aqui, e nao recobrir de mais palavras essa poesia fiel aos silencios da poesia, que se desnuda - serpente de pedra - de palavras a descobrir. (Jose Miguel Wisnik)
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Saiba maisA poesia e o pacto do que se diz com o que nao se diz. Ana Flor da Agua da Terra, de Heloiza Abdalla, conhece bem essa alianca com o silencio, que pratica. O titulo do livro pode soar vagamente como o de uma obra adolescente de efusao pela natureza. Mas, se comecou a ser escrito aos dezoito anos da autora, sua escrita, que se desdobra ate os 25, e uma concentrada elaboracao da intimidade com os vazios, os tecidos e os desvaos que habitam as palavras, quando nomeiam as coisas, sempre volateis. Entre palavras e coisas, palpaveis ou impalpaveis, resta um halo sem nome, que normalmente se perde na conversa geral, seja na conversa dura que empedra os sentidos, na conversa mole que os dilui, na conversa jogada fora no ralo da consumicao cotidiana. A poesia, diferentemente disso, e uma conversa fiada que afianca, que confia no fio invisivel que liga as palavras, como a flor/ confia// fia// nao acelera/ nao atrasa// o tempo/ habita . O poema que acabo de citar se chama Principio , e e o ultimo do livro. O principio , que esta no fim, e tambem o fundamento, o principio ativo da flor, da poesia em seu habitat exato no tempo. No corpo do livro, os sinais silenciosos dizem, como o jogo eliptico entre o titulo e os versos, as entrelinhas e os espacamentos, a inversao sintatica que deixa frouxa a definicao de sujeito e objeto ( o tempo/ habita ), assim como em outros poemas a polifonia sutil das diccoes, travessoes, aspas, vazios. Ja no primeiro poema do livro ( Uma flor tem marca/ borboleta manchada// Um ser amor-amor voa crucificado/ o vento contorna uma arvore// agua// sonha em ser livre como ela ), as propriedades da flor se transmutam em borboleta e em voejante ser amor-amor . Flor, borboleta e o ser em voo do amor carregam, por mais leves que sejam, a marca, a mancha e a cruz: cifras do inelutavel, da dor secreta do existir. Nao obstante, destituidas de peso, logo se transmutam em vento, sumindo em fuga na curva da arvore e deixando para tras um lago de agua ideal em si. O sujeito da ultima frase, que sonha em ser livre como ela , e, ao que tudo indica, o titulo do poema: Ana Flor da Agua da Terra . Como no encaixe de pecas de um jogo quieto , dor e ferida estao prestes a irromper e a retornar a seu lugar emudecido ( Quiron , Montanha , Passagem ), agua e areia prestes a se acomodarem, mestras do repouso e do movimento, pastoras do caos ( Areia , Crisalida ), o amor se tece em teares do cheio e do vazio ( Croche da danca , Linhaluz , Amor ), quando nao prorrompe em seus dramas ( Eu e Carlos ), refratados na superficie dura do espelho sem casca ( Chegaram espelhos ). No arco da flecha armada em tensao sutil ( Arco ), aponta-se, ou apronta-se, um parto em que parir e partir. O livro e feito de discretos motivos reverberantes, a maneira de um rarefeito romance intimo do qual os fatos estao subtraidos, para que fique a nervura fina dos acontecimentos, os fatosinstantes que apenas instam, urgem, insistem, perguntam. Melhor e parar por aqui, e nao recobrir de mais palavras essa poesia fiel aos silencios da poesia, que se desnuda - serpente de pedra - de palavras a descobrir. (Jose Miguel Wisnik)
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Saiba maisA poesia e o pacto do que se diz com o que nao se diz. Ana Flor da Agua da Terra, de Heloiza Abdalla, conhece bem essa alianca com o silencio, que pratica. O titulo do livro pode soar vagamente como o de uma obra adolescente de efusao pela natureza. Mas, se comecou a ser escrito aos dezoito anos da autora, sua escrita, que se desdobra ate os 25, e uma concentrada elaboracao da intimidade com os vazios, os tecidos e os desvaos que habitam as palavras, quando nomeiam as coisas, sempre volateis. Entre palavras e coisas, palpaveis ou impalpaveis, resta um halo sem nome, que normalmente se perde na conversa geral, seja na conversa dura que empedra os sentidos, na conversa mole que os dilui, na conversa jogada fora no ralo da consumicao cotidiana. A poesia, diferentemente disso, e uma conversa fiada que afianca, que confia no fio invisivel que liga as palavras, como a flor/ confia// fia// nao acelera/ nao atrasa// o tempo/ habita . O poema que acabo de citar se chama Principio , e e o ultimo do livro. O principio , que esta no fim, e tambem o fundamento, o principio ativo da flor, da poesia em seu habitat exato no tempo. No corpo do livro, os sinais silenciosos dizem, como o jogo eliptico entre o titulo e os versos, as entrelinhas e os espacamentos, a inversao sintatica que deixa frouxa a definicao de sujeito e objeto ( o tempo/ habita ), assim como em outros poemas a polifonia sutil das diccoes, travessoes, aspas, vazios. Ja no primeiro poema do livro ( Uma flor tem marca/ borboleta manchada// Um ser amor-amor voa crucificado/ o vento contorna uma arvore// agua// sonha em ser livre como ela ), as propriedades da flor se transmutam em borboleta e em voejante ser amor-amor . Flor, borboleta e o ser em voo do amor carregam, por mais leves que sejam, a marca, a mancha e a cruz: cifras do inelutavel, da dor secreta do existir. Nao obstante, destituidas de peso, logo se transmutam em vento, sumindo em fuga na curva da arvore e deixando para tras um lago de agua ideal em si. O sujeito da ultima frase, que sonha em ser livre como ela , e, ao que tudo indica, o titulo do poema: Ana Flor da Agua da Terra . Como no encaixe de pecas de um jogo quieto , dor e ferida estao prestes a irromper e a retornar a seu lugar emudecido ( Quiron , Montanha , Passagem ), agua e areia prestes a se acomodarem, mestras do repouso e do movimento, pastoras do caos ( Areia , Crisalida ), o amor se tece em teares do cheio e do vazio ( Croche da danca , Linhaluz , Amor ), quando nao prorrompe em seus dramas ( Eu e Carlos ), refratados na superficie dura do espelho sem casca ( Chegaram espelhos ). No arco da flecha armada em tensao sutil ( Arco ), aponta-se, ou apronta-se, um parto em que parir e partir. O livro e feito de discretos motivos reverberantes, a maneira de um rarefeito romance intimo do qual os fatos estao subtraidos, para que fique a nervura fina dos acontecimentos, os fatosinstantes que apenas instam, urgem, insistem, perguntam. Melhor e parar por aqui, e nao recobrir de mais palavras essa poesia fiel aos silencios da poesia, que se desnuda - serpente de pedra - de palavras a descobrir. (Jose Miguel Wisnik)
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