Descrição Cadê o Amarildo? A pergunta que ecoou nas manifestações de junho de 2013, no Rio de Janeiro, tornou-se símbolo de uma luta antiga, que começou durante os anos da ditadura e que parece ganhar cada vez mais força; a procura por pessoas desaparecidas, vítimas dos chamados desaparecimentos forçados. Esse é o objeto de estudo deste livro, que possui narrativa delicada, apesar do conteúdo profundamente denso. Das 'técnicas' de fazer desaparecer corpos é o resultado de uma pesquisa socioantropológica que descreve e analisa as relações entre sofrimento, violência e política, a partir da experiência e da perspectiva dos familiares de vítimas de violência. Focaliza-se uma modalidade específica de casos e situações; o desaparecimento forçado de pessoas, e, portanto, a violação e a ausência dos corpos. Relatos de familiares de desaparecidos possibilitam o acesso a certas gramáticas morais e políticas em que categorias e temas como desaparecimento, desaparecido, vítima, familiar de vítima, morte violenta, favela, violência policial/estatal, milícia, 'traficantes', terror, luto, justiça, ação coletiva e espaço público emergem no processo de construção de uma teia de significados e sentidos. Embora não seja possível definir a magnitude do fenômeno do desaparecimento forçado, é admissível sugerir que, atualmente, ele corresponde a um dispositivo de governo-gestão e que, no plano dos perpetradores, há um campo de continuidades que envolve polícia/milícia/'traficantes'. Há um universo de vítimas possíveis que têm em comum sua vulnerabilidade a esse dispositivo de governo-gestão, pela combinação de variáveis como território, condição social, atividade e/ou suspeição. Trata-se de uma dura realidade, mas que precisa ser conhecida e enfrentada.
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