Descrição Bernardo Ajzenberg ainda é mais conhecido por ter exercido ao longo de anos a função de ombudsman do jornal Folha de S. Paulo, mas, decididamente, não pode mais ser considerado um jornalista se aventurando no território da ficção. Depois dos romances Carreiras cortadas (1989), Efeito suspensório (1993), Goldstein & Camargo (1994) e de Variações Goldman (1998), publicado pela Rocco, Ajzenberg é um escritor consumado, com reconhecido talento para a narrativa psicológica, o que reafirma em Homens com mulheres.
Nos 12 contos do novo livro, o escritor trata do espinhoso tema dos relacionamentos. Desde a abertura com Um encontro, reunião fortuita de Félix e a moça sem nome numa praça, até o encerramento, com o último almoço do dr. Walter Fisberg com sua velha mãe em A blusa rosa, o livro conta histórias que exploram pontos variados da área cinzenta do conjunto intersecção homem/mulher. Em contos mais encorpados, como Verme de metal e Aspirador de pó, e outros que são quase intensas vinhetas, Ajzenberg cria, com sutileza e acuidade, situações em que o subjetivo mostra muito mais força do que as descrições. São na maioria personagens masculinos em encontros, corriqueiros ou definitivos, com a médica, com a vizinha, com uma noite de coquetéis movida por dor-de-corno. Mas há também a menina de 19 anos morando com parentes distantes e um tanto perversos em Pela franja verde e Edna, a mulher grávida e raivosa que molda madeira e o destino de seu filho em Marcenaria. Homens com mulheres tem quatro contos inéditos; os outros, Quadros no ateliê, Coquetéis, Marcenaria, Trecho impossível de mucosa, Verme de metal, O chouriço e as giletes, Estréia de regras e Pela franja verde foram publicados anteriormente em suplementos e revistas literárias e em coletâneas de contos. Há passeios por Paris, Lisboa e São Paulo, com personagens em diferentes estados de ânimo e sanidade mental. Mas é se embrenhando de forma sempre contundente e original pelo pantanoso terreno das relações afetivas que o livro encontra seu lugar comum, explorado com desassossego e exatidão por Bernardo Ajzenberg.
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