ICARO

Descrição: Livro de estréia de Gabriel Pedrosa, 'Ícaro' tem na experimentação seu traço mais marcante. Seus poemas são indissociáveis do projeto gráfico, do livro como suporte físico: ganham corpo em versos em desalinho, linhas tortas e contraste entre páginascheias e vazias, explorando a espacialidade da palavra dentro de uma vertente de pesquisa estética que ecoa a poesia concreta, porém amplificando suas inovações. Frederico Barbosa identifica os pontos de contato e divergência de Pedrosa em relação aomovimento: "A experimentação é, portanto, o traço mais marcante deste livro de estréia de Gabriel Pedrosa. Não se trata de poesia concreta, note-se bem. Mas o arquiteto Gabriel aprendeu com a poesia concreta a não dispensar o cuidado visual com seuspoemas. A organização gráfica é notável. Torna-se mais original e instigante pelo fato de não apelar para uma linguagem visual clean, limpinha, bonitinha. os versos são dispostos tortos na página, dançam em frente aos nossos olhos, harmonizando-se semrecorrer a simetrias fáceis ou a qualquer manual de pureza visual. O projeto gráfico, portanto, não recusa a complexidade e alça vôos próprios". 'Ícaro' é, portanto, um livro atravessado pela metalinguagem, pelo olhar de quem lê criticamente o repertório de nossos momentos literariamente mais inventivos. Suas leituras e releituras de canções e poesias consagradas expõem as transformações subjetivas e culturais de nossa época. No poema "(de)generation gap", por exemplo, a recriação de um versodacanção Divino Maravilhoso, de Caetano e Gil, remete aos ideais juvenis dos anos 60, quando era preciso coragem e determinação para ir contra a ditadura.

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