Descrição Março teria tudo para dar grandes alegrias aos investidores da Bolsa de Valores de São Paulo. O anúncio de três grandes negócios- a fusão da Ambev com a Interbrew, a possível compra da Embratel pela mexicana Telmex e a aquisição da rede de supemercados Bompreço pela americana Wal-Mart apareceu como sinal do interesse dos investidores estrangeiros por empresas brasileiras. Como as ações costumam ser uma das principais portas de entrada para o investimento internacional, os analistas ficaram otimistas com as perspectivas do mercado. Mas, mesmo com todos esses fatos animados no cenário corporativo, o índice Bovespa registrou queda de 3,7% no mês até o dia 22 de março. Vários solavancos ocorreram nesse período. Nos dois piores dias do mês, o Índice Bovespa chegou a cair mais de 4% em uma única sessão. A maior fonte das oscilações é Brasília. O mercado vem sendo muito afetado pela indefinição política e pelas dúvidas quanto á condução da política econômica. Uma pesquisa da consultoria paranaense Global Invest realizada com exclusividade para EXAME mostra que oito dos 16 pregões de março foram influenciados por fatos políticos ou de política econômica. Os demais foram definidos por eventos externos em cinco casos, e por notícias corporativas em três ocasiões. “Cerca de 70% dos movimentos da bolsa no Brasil podem ser explicados por eventos alheios ao mercado”, diz William Eid Júnior, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Um episódio feito que abalou os pregões foi feito pela oposição de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os bingos. A notícia fez o índice Bovespa cair 0,7 no dia 4 de março. As declarações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles fizeram mais efeito. Meirelles derrubou as ações em 4,4% no dia 10 de março, ao afirmar que era preciso “observar a inflação”. Tal declaração, feita uma semana antes da reunião do Comitê de Política Monetária(COPOM), confundiu o mercado. “Os investidores esperavam que o Copom baixasse os juros, como de fato aconteceu, mas as declarações de Meirelles embaralharam as expectativas”, diz Paulo Gomes, da Global Invest. Os prognósticos para o futuro que é o que interessa para ajudar o investidor a tomar suas decisões não são bons . O cenário político está complicado. Qualquer novo indício da ligação de membros do primeiro escalão do governo com lavagem de dinheiro ou o crime organizado pode voltar a paralizar as decisões em Brasília. “Um governo inoperante é ruim para o mercado”, diz Gomes. Outro fator de risco cada vez mais importante é o cenário externo. Fatos como atentado terrorista em Madri, no dia 11 de março, e a piora da situação no Oriente Médio vêm tendo consequências negativas para as bolsas.“
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