Descrição Em meio a tantos equívocos e distorções que assolam a poesia brasileira contemporânea atacada pelo vírus da prosa, pelas firulas, invencionices, pedantismos, passadismos, etc. etc.,com as devidas e honrosas exceções A QUARTA CRUZ revela-se no míni mo aposta inquietante: a reconquista do poema, mobilizado por aquilo que Heidegger chamaria de projeto poético pensante. Sim, o poeta é também um pensador. Não propriamente um filósofo, mas um artista que pensa com os sentidos, com a alma e com o cor po (O que em mim sente está pensando, já advertia Fernando Pessoa). E sobretudo sabe extrair o seu pensar emocionado da própria linguagem. Retrabalhando-a, para significar mais. Daí porque a palavra poética se lança em sentidos vários, a fim de expr e ssar o mundo objetivo e subjetivo, tanto quanto o próprio fazer literário. Daí, também, o fato de que a palavra para o poeta, pelo seu contorno sintático-afetivo, não raro encantatório, torna-se irredutível a qualquer outro discurso senão àquele qu e se instaura no corpo do poema. É o que podemos perceber neste livro singular. Ao dar precedência à ideia sobre a imagem, WEYDSON BARROS LEAL empreende ampla reflexão sobre os grandes temas da poesia ocidental a dor existencial, o amor, a morte, os di as vividos, a busca espiritual, as coisas em torno etc. , sem abandono do vigor conotativo das palavras. Tal empenho estético tem por alvo o destino do homem no tempo (este ser para a morte, como o mesmo Heidegger o define), com seus desejos e fra tur as. Se é verdade que o poeta, em livros anteriores, fazia prevalecer a imagem, de modo até extremo, dando vazão a metáforas absolutas e enigmáticas, desta vez o pensamento se funde à imagem. Equilibram-se. E se movimentam a partir de ritmos bem c alib rados e múltiplos, que vão dos versos livres às formas fixas. A visão de mundo madura e algo melancólica do autor junta-se à visão (quase diria: audição) da linguagem, que se abre para novas nuanças e domínios, onde tradição e invenção, variedad e for mal e complexidade temática se encontram e se reclamam mutuamente. Como em toda grande poesia. O livro exige leitura e releitura incessantes, para fazer emergir e vibrar os significados mais recônditos do conjunto e de suas partes. A seção inic ial de e a inicia traz uma forte reflexão centrada na vida cotidiana, em que algo resiste e inunda esta casa/que então é meu silêncio. Simbolicamente trata-se do momento em que o eu lírico se deixa padecer, ao se crucificar no espaço da casa (caixa d
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